Em Roma na Secretaria Geral do Sínodo existem 4 comissões: a comissão Teológica e as comissões de Metodologia, de Espiritualidade e de Comunicação. Precisamente, nesta última, a de comunicação, há dois membros portugueses: o padre Paulo Terroso e a Leopoldina Reis Simões. Ambos foram entrevistados recentemente pela Agência Ecclesia.
Processo sinodal é “um modo de ser e viver em Igreja”
O padre Paulo Terroso é da Arquidiocese de Braga e aponta que o caminho sinodal será “a forma da Igreja do terceiro milénio”. Para o padre Paulo “o processo não vai acabar em 2023. Vai continuar e será permanente, uma dinâmica, um modo de ser e viver em Igreja, não uma moda, mas algo que resulta do tratado que sai dos Atos dos Apóstolos” – disse à Agência Ecclesia.
O sacerdote entende que este “é um caminho que se faz”, onde não se pode “transformar a doutrina numa ‘bimby’ espiritual, mas um acompanhamento onde se vai percebendo o que o Espírito Santo vai solicitando”.
O diretor de Comunicação da Arquidiocese de Braga recorda que, “desde o Sínodo da Família [2014-2015] até agora” percebe-se que o Papa quer transformar estes encontros num processo que seja “permanente”. No entanto, adianta que “são sentidos alguns medos” na comissão a que pertence.
Perante a realidade que conhece, o sacerdote adianta que o diálogo sobre estes medos tem de levar a “perceber as razões para não ter medo”.
“Temos de perceber esta opção de Francisco” – acrescenta, que “não é condenar nem lamentar, mas discernir e reformar”. “O que o Espírito Santo está a dizer à Igreja? Como anunciar o Evangelho no mundo em mudança?”, questiona.
O membro da Comissão de Comunicação do Sínodo 2023 considera que não se pode ver este evento “como mais um Sínodo, mas a forma da Igreja do terceiro milénio”, onde o processo “não pode ficar circunscrito ao mundo eclesial, aos leigos, mas tem de haver um envolvimento de todos”.
“É o mundo inteiro a ser notícia e a fazer caminho”
Por sua vez, Leopoldina Reis Simões, que é profissional de assessoria de imprensa, relações públicas e comunicação, considera que este processo mostra “o mundo inteiro a ser notícia e a fazer caminho”. Algo que, contudo, pode ter trazido algumas “dúvidas” sobre se aquilo que cada um diz no Sínodo é “efetivamente ouvido”.
“É o mundo inteiro a ser notícia e a fazer caminho. E isso trouxe muitas dúvidas, mesmo em sacerdotes, que dizem que não acreditam que o processo chegue a Roma, e seja efetivamente ouvido. Os leigos também, até porque há muitos problemas que a Igreja tem passado e as pessoas personalizam muito aquilo que acontece” – afirma Leopoldina Reis Simões.
Admite que algumas pessoas ainda estão fora do processo lançado pelo Papa Francisco: “Aos vários níveis da comunicação em que estou envolvida ainda há franjas que estão de fora, porque elas próprias não estão interessadas, não estão sensibilizadas que é importante participar, pode haver aqui um momento histórico na vida da Igreja, ou porque não conseguimos ainda chegar a elas”.
No entanto, a profissional de assessoria de imprensa, relações públicas e comunicação, adianta, na entrevista à Agência Ecclesia, que a equipa internacional da comunicação do Sínodo está satisfeita “com o caminho feito”, como demonstra um relatório que foi apresentado com um primeiro balanço da Secretaria Geral. Mas assinala que ainda “há caminho a fazer”, num processo sinodal que está a ser feito de “uma maneira diferente”.
Leopoldina Reis Simões observa que a comunicação do Sínodo procura ser uma resposta ao apelo do Papa à participação pelo discernimento. Refere que “as formas de discernir” têm sido “muito diferentes” e com vários recursos a serem criados em diferentes países.
O Sínodo está em andamento nas dioceses até agosto de 2022. Segue-se uma fase continental que decorrerá de 2022 a 2023 antes da grande assembleia no Vaticano em outubro de 2023. Um caminho que é um tempo novo “de comunhão, de participação e de missão” dos católicos no mundo.
RS com Agência Ecclesia