A etapa sinodal que agora se inicia alarga o seu envolvimento ao nível continental. Será publicado no mês de outubro um primeiro documento de trabalho. Entre janeiro e março de 2023 terão lugar sete assembleias continentais.
O processo sinodal na Igreja Católica entra agora numa nova fase. “Por uma igreja sinodal: comunhão, participação e missão” é o tema do grande evento que teve a sua primeira etapa durante o ano 2021-2022, que se concluiu em agosto passado. Até esse mês chegaram ao Vaticano as sínteses nacionais após um processo de escuta alargado de escuta e discernimento nas dioceses de todo o mundo. Essa foi a etapa diocesana.
Tem agora início a etapa continental, que percorrerá o período 2022-2023 e deverá levar a “um aprofundamento” do “processo de discernimento” iniciado na etapa diocesana.
Esta fase continental será marcada pela apresentação de um primeiro documento de trabalho, o Instrumentum Laboris I, que está a ser elaborado nestes dias de setembro e início de outubro e que fará uma “cuidadosa reflexão sobre os frutos da primeira etapa a partir das sínteses de todas as Conferências Episcopais da Igreja Universal, bem como das Igrejas Orientais, e grupos como Institutos Religiosos, movimentos de leigos” e tantas outras realidades eclesiais – refere a Secretaria do Sínodo.
Com efeito, segundo informa o portal Vatican News, estão reunidos em Roma até ao próximo dia 2 de outubro “especialistas provenientes dos 5 continentes, com diferentes competências e pontos de vista” com o objetivo de “elaborar o documento da segunda etapa do processo sinodal 2021-2023 – a etapa continental do Sínodo – e continuar assim o processo de discernimento, diálogo e escuta”.
Um documento que deverá ajudar a formular com maior objetividade as questões abertas pela etapa diocesana e as intuições que provenientes do discernimento das igrejas locais.
Este primeiro instrumento de trabalho será apresentado em finais do mês de outubro e servirá de base a esta “fase continental” que deverá ser um “tempo de escuta e discernimento de todo o Povo de Deus e de todas as Igrejas locais em base continental, levando a uma série de assembleias continentais” – como explica o site do Sínodo.
Assim, entre janeiro e março de 2023 estão previstas sete assembleias continentais: Europa (CCEE), América Latina e Caribe (CELAM), África e Madagascar (SECAM), Ásia (FABC), Oceania (FCBCO), América do Norte (EUA e Canadá) e Médio Oriente que dará especial atenção aos contributos das Igrejas Católicas Orientais. Estas assembleias estão previstas serem encontros eclesiais e não apenas episcopais assumindo o fortalecimento de vínculos entre igrejas vizinhas numa perspetiva inclusiva também de realidade que possam ter ficado à margem na primeira fase.
Neste processo sinodal, Portugal conta com dois representantes na Comissão de Comunicação da Secretaria do Sínodo: o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga e a leiga Leopoldina Reis Simões da diocese de Leiria-Fátima. Por estes dias, o padre Paulo Terroso está e Roma colaborando na elaboração do documento de trabalho.
Recordamos que a Conferência Episcopal Portuguesa enviou para o Vaticano uma síntese sinodal, baseada nos contributos dos relatórios de todas as dioceses do país, que revela o retrato de uma igreja “hierárquica, clerical, corporativa, pouco transparente, estagnada e resistente à mudança”.
Não obstante estes e outros aspetos negativos, a síntese sinodal portuguesa salienta que a Igreja em Portugal “é tida globalmente como uma instituição credível, presente nos locais onde ninguém ousa ir e solidária com os mais desfavorecidos, a quem presta assistência, mesmo quando falham todas as outras respostas sociais”.
A diocese do Porto contribuiu para a síntese sinodal nacional com um texto que alerta para o perigo de uma Igreja clerical sublinhando a importância do processo sinodal.
A Comissão Sinodal Diocesana do Porto publicou a sua síntese sinodal dando expressão às respostas de 194 paróquias, das 477 da diocese. Incluiu também na sua redação 30 contributos de comunidades de vida consagrada, de movimentos e outros grupos.
De destacar, que na Assembleia diocesana pré-sinodal, promovida pela Comissão no mês de maio de 2022, foi bem vincada pelos participantes a vontade de continuar o processo sinodal.
RS