O padre Sérgio Leal sublinha a importância do Relatório de Síntese para a fase de reflexão que em 2024 prepara a segunda sessão do Sínodo.

“Como ser Igreja sinodal em missão?”, é a pergunta orientadora da reflexão proposta da Secretaria Geral do Sínodo sobre a síntese sinodal da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos. O trabalho que as Conferências Episcopais estão agora a propor às dioceses tem como base o Relatório de Síntese dessa Assembleia de outubro de 2023.

Realidade de homens e mulheres foi escutada

Sobre essa primeira síntese sinodal publicamos a análise do padre Sérgio Leal, especialista em sinodalidade. O sacerdote sublinha a importância do Relatório de Síntese para a fase de reflexão que em 2024 prepara a segunda sessão do Sínodo. Diz que encontra neste Relatório o contributo das paróquias e dos grupos, sinal de que a realidade dos homens e das mulheres foi escutada.

“Nesta síntese, nós revemo-nos nela e encontramos a nossa realidade presente nela, o que significa da importância que teve o caminho precedente até chegar a ela. Que este caminho de escuta não foi em vão. Que era aquilo que no início me diziam: ‘vai mesmo valer a pena reunirmos a nossa paróquia ou grupo e fazer uma síntese? O que é que isto vai ter depois no caminho concreto do Sínodo universal?’. E lendo o texto digo que tem que ver, sim senhor. Aquilo que eu fiz na minha paróquia, nos relatórios que fui lendo em Portugal, nós percebemos que a realidade dos homens e mulheres que foram escutados está presente neste Relatório de Síntese. E por isso é que não o podemos ignorar de maneira nenhuma. Portanto, como este caminho já começou há muito tempo, nós temos sempre ainda muito a fazer.”

“Bastava pensar que tendo um relatório diocesano ou relatório nacional, onde foi escutada a realidade concreta e encarnada, temos aí já matéria para muito trabalho sem esperar este Relatório de Síntese. Por maioria de razão, com o contributo da Igreja Universal que ajudou a refletir tantos pontos que já tínhamos levantado na nossa síntese nacional, então agora teremos de avançar.”

“Quando eu leio este relatório e vejo questões que são para aprofundar e que vêm, algumas delas, em jeito de interrogação, há quase um dever de consciência de nos debruçarmos sobre isto e refletir. E vamos sobretudo fazer caminho”, declarou o sacerdote.

Entrar em diálogo com a realidade contemporânea

O padre Sérgio Leal destaca a organização do Relatório de Síntese nas suas convergências, questões em aberto e propostas.

“Em primeiro lugar, a forma como é apresentada: para cada tema temos convergências, as questões que estão em aberto e quais as propostas. Estamos numa primeira assembleia a que se segue uma segunda e neste tempo intermédio estamos a aprofundar e a alargar a reflexão sobre aquilo que foi discutido e conversado. Seria interessante que isto voltasse ao povo de Deus. Se possível, que se fizesse um mesmo percurso a partir das bases. E sobretudo perceber que aquilo que um Sínodo faz não é perceber o que cada um pensa, mas o que é que somos capazes de pensar em conjunto. O que é que em conjunto conseguimos discernir do que o Senhor nos está a pedir.”

“Quando falamos que este Sínodo será o evento mais importante depois do Concílio Vaticano II é para dizer que o exercício é precisamente o mesmo do Concílio. Este não foi convocado para esclarecer a doutrina, para debater algum dogma, é um Concílio da Igreja ao serviço do mundo e da realidade contemporânea e de como a Igreja pode entrar em diálogo com a cultura contemporânea. E este Sínodo tem que ser isso mesmo e ao vermos este Relatório de Síntese percebe-se isso mesmo: uma Igreja que está consciente da sua missão, isto é, nasce do coração de Deus, foi revelada em Jesus Cristo e é animada pelo Espirito Santo. Mas por ser assim, tem que estar ao serviço do mundo e da realidade concreta. Ao serviço de Deus e das pessoas. Por estar ao serviço de Deus está ao serviço das pessoas. E porque quer levar as pessoas ao coração de Deus coloca-se a caminho com os homens e as mulheres de hoje”, afirmou.

“Por uma Igreja sinodal: comunhão participação e missão” é o tema do Sínodo que foi iniciado pelo Papa Francisco a 9 de outubro de 2021 e que já teve etapas diocesanas, nacionais e continentais.

RS